3 dicas para melhorar a sua oratória em assembleias

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1 ano atrás

O candidato a síndico, Jorge, desce de seu carro e seu corpo começa a dar aqueles velhos sinais de nervoso, estresse, medo, ansiedade que sente a cada nova tentativa de ser eleito como síndico em um novo condomínio: mãos suando, garganta seca, tremores, vermelhidão, pernas agitadas ou uma paralisia de “pânico” que dificulta até o seu caminhar. Falar para grandes públicos sempre foi uma dificuldade. Embora fosse o melhor concorrente em várias eleições de síndico que participou, muitas vezes não conseguia mostrar o que tinha de melhor.

Talvez isso já tenha acontecido com você diante de alguma assembleia ou já tenha visto algum candidato a síndico com esses “sintomas”.

Se já passou por isso sabe o quanto essas reações atrapalham na hora de apresentar seus projetos/propostas. Fica difícil expor suas ideias, se conectar com as pessoas, mostrar seus diferenciais competitivos e persuadir aqueles condôminos de que você é a melhor opção para o momento. Por não conseguir mostrar o que tem de melhor, talvez tenha perdido algumas eleições de síndico.

Se isso faz sentido pra você, saiba que não está sozinho.

Medo de falar em público é um dos maiores medos do ser humano.

A explicação para isso é ampla, mas veja se concorda com uma das explicações mais dadas por especialistas: não fomos criados/treinados para falar com uma plateia grande ou com várias pessoas ao mesmo tempo. A maior parte de nossas interações em nosso desenvolvimento, da infância até a vida adulta, se dá entre duas pessoas (você e mais uma) ou entre você e pequenos grupos. Não entre você e grandes públicos. Ou seja, ainda que tenha passado por experiências pontuais e esporádicas de, por exemplo, apresentar trabalhos na escola/faculdade, mas não faça hoje apresentações rotineiras, possivelmente poderá acabar sentindo alguns desses sintomas paralisantes que atrapalham sua performance quando mais precisa dela.

A boa notícia é que há como reduzir/contornar esses sintomas e melhorar sua oratória/comunicação nos momentos em que mais precisa.

O caminho para isso pode ser mais longo ou mais curto dependendo do tamanho da sua dificuldade. Com os exercícios certos, porém, as mudanças e melhorias podem acontecer rapidamente.

Oratória é um dos temas que vou abordar com frequência aqui na coluna do Espaço Síndico, então volte aqui sempre que possível para encontrar novas dicas e ferramentas.

Para hoje, separei três dicas que servem para qualquer pessoa melhorar sua oratória, não importando o tamanho dos desafios nessa área. Não é um manual completo de como contornar os sintomas do nervosismo, mas já é um excelente começo.

Vale a pena conferir (e aplicar):

1) Seu primeiro cliente é você mesmo – se convença que se serviço é bom e que você é um excelente profisisonal

Estar em frente a uma assembleia significa, muitas vezes, que você estará oferecendo alguma coisa para aquelas pessoas: pode ser um projeto de melhoria para o condomínio, se já for síndico de lá, ou pode ser sua proposta como síndico (a) para que te elejam naquele condomínio.

A primeira dica é que você tenha a absoluta certeza, dentro do possível, de que aquilo que vai oferecer é realmente bom e o ideal para aquelas pessoas.

Talvez você pense que isso é óbvio, mas vi, como advogado condominial, muitos síndicos que pareciam duvidar de suas próprias propostas. Não transpareciam segurança, muito menos confiança naquilo que propunham… Ainda que estivessem nervosos por estarem diante do público, tenho dúvidas se realmente acreditavam que eram, realmente, a melhor opção para aquelas pessoas. Talvez não tivessem certeza se o serviço que ofereciam tinha realmente a qualidade que precisava ter. Talvez nunca tivessem se perguntado sobre isso.

As pessoas captam facilmente sua incerteza sobre sua qualidade profissional ou sobre suas propostas.

Quero dizer, em outras palavras, que você precisa, sinceramente, estar ciente de suas qualidades, diferenciais e habilidades.

Hoje você sabe o quanto é bom naquilo que faz? Hoje, para determinados tipos de condomínio, você é a melhor opção? Seu trabalho é realmente bom? Seu preço é realmente justo?

Não basta responder um simples “sim” para essas perguntas. Quero que você olhe para dentro de si e realmente busque essa resposta com muita sinceridade. Se tiver dúvidas, não é o fim do mundo. Pelo contrário: tomar consciência de que há pontos a melhorar é o primeiro passo para buscar essas melhorias.

Antes de se vender aos outros você precisa se vender para si mesmo. E, obviamente, precisa comprar aquilo que vende. Antes de se vender, precisa se comprar. Você é seu primeiro cliente.

Estando convencido de que é uma excelente opção (de preferência a melhor) e que o que vai oferecer realmente resolve problemas e melhora a qualidade de vida dos condôminos, você estará pronto para a segunda dica.

2) Treine muito, o máximo que puder

Quando estamos falando para várias pessoas que não conhecemos, oferecendo produtos ou serviços, é natural que seu sistema interno comece a tentar reparar em coisas que você não repara no dia a dia: “devo me movimentar ou não?”, “minha respiração é acelerada desse jeito ou estou nervoso?”, “onde coloco minha mão esquerda? no bolso, deixo solta, coloco ela pra trás? vario?”, “qual expressão que devo estar usando agora? Devo sorrir? Devo ficar sério? Se sorrir, sorrio muito, pouco? Ai meu Deus…” – entre outras inúmeras questões que vão surgir. Tentar gerenciar todos esses detalhes ao mesmo tempo apenas no dia de sua apresentação pode te colocar a caminho do que chamo de precipício comunicativo: você se enrosca em um desses pontos e todos os demais passos de sua apresentação vão ladeira abaixo.

Como evitar essa situação? É no treino que você refina tudo isso.

Possivelmente quando você treina talvez não fique nem nervoso nem apresente esses sintomas, pois está sozinho ou com poucas pessoas.

Mesmo assim, passe a reparar em cada um desses detalhes (expressão corporal, expressão facial, pernas, braços, mãos, etc.). Se conheça. Se perceba.

Como treinar com maestria para se autoconhecer e superar os desconfortos da hora da apresentação mesmo sem pessoas assistindo?

Há uma técnica simples e grátis: se grave em seu smartphone.

Treine como se estivesse falando com toda a plateia. Faça isso de pé. Se movimente dentro do quadro de filmagem. Repita quantas vezes for necessário. Ao assistir os vídeos talvez você estranhe sua voz e sua imagem. Talvez não goste, de verdade, de se assistir. Isso também é muito comum.

Mas, apenas treinando, repetindo e se avaliando é que você vai encontrar os gestos, posturas, expressões corporais e faciais, tom de voz, velocidade das explicações e forma de didática nas explicações que mais funcionam pra você. E, sinceramente, esse desconforto de se autoavaliar passa depois das primeiras vezes que você analisa seus próprios vídeos.

Após muito treino você passa a ser intencional. Ou seja, você deixa de apenas ir lá na frente das pessoas e acionar o modo “seja o que Deus quiser”. Você realmente passa a se autoconhecer o suficiente para ser intencional sobre a imagem e mensagem que deseja passar.

Após treinar bastante, chega a hora de aplicar a terceira ferramenta, que vai lhe trazer ainda mais segurança para suas apresentações.

3) Visualize o que deseja, não o que não quer

Um aluno em uma Imersão de Oratória que ministro nos relatou, em nossa última turma de Campinas, que quando tinha assembleias de eleição ficava o dia inteiro lembrando de outras assembleias em que tudo deu errado: engasgou, gaguejou, deu branco, se perdeu no pouco tempo dado, entre outras dificuldades.

Nos revelou que fazia isso com um objetivo nobre: evitar cada um de seus erros. Mas, quando chegava lá, acontecia tudo de novo.

Para quem estuda neurociência é fácil entender o quão errado era o método de nosso aluno e a razão dos erros se repetirem…

Nosso cérebro tem uma característica que pode funcionar como verdadeira armadilha nesses casos, se a visualização for feita da forma errada: ele entende que a imagem/filme que você mais coloca pra rodar em sua mente é exatamente aquilo que está buscando, e não o que deseja evitar.

Racionalmente o cérebro até entende que você quer evitar tudo aquilo, mas nosso cérebro emocional trabalha com imagens e não compreende bem a palavra “não”. Para as suas emoções, as imagens que mais estão presentes em sua mente são interpretadas exatamente como algo que está tentando alcançar, ainda que seja o que deseja evitar. Ao lembrar de momentos ruins, portanto, é como se sua mente estivesse preparando seu corpo para repetir aquele erro.

Nosso aluno, portanto, se “preparou”, ainda que sem querer, para repetir as coisas ruins, e não evitá-las.

Como, então, não cair nessa armadilha?

Em vez de imaginar o que não quer, imagine o que deseja que aconteça.

Isso faz com que seu cérebro racional e emocional passe a entender o que você realmente deseja: se imagine caminhando com segurança, se conectando com as pessoas, as tirando do celular para te ouvirem; se imagine se comunicando bem, com confiança, desenvolvendo seu raciocínio com técnica, naturalidade e certeza de que é a melhor opção para aquelas pessoas. Imagine as pessoas ouvindo, gostando do que ouviram, votando a seu favor, lhe dando a vitória que merece.

Isso ajuda a mostrar para seu sistema o que deseja alcançar. Seu sistema interno vai assimilar bem isso e vai buscar ferramentas e caminhos para te ajudar a chegar lá.

Acredito que para começarmos essas três dicas já possam te ajudar bastante em seus próximos desafios.

Espero que coloque cada dica em prática e que possa, um dia, me contar que depois disso suas apresentações melhoraram exponencialmente.

Só depende de você.

Um abraço!

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Laert Henriques
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